O mercado de embalagens

O mercado de embalagens

6 de maio de 2013 | Design | No Comments

Há um novo público consumindo achocolatados? Então há mais uma fatia de mercado para quem faz embalagens. Surgiu um novo material para acondicionamento de legumes? Eis outra possibilidade de negócio. A indústria gráfica criou novos recursos de impressão? A dona de casa quer peças que se abram com mais facilidade? O país pretende exportar para um mercado vizinho? Chame os designers de embalagens!

Novos fatos tecnológicos e mercadológicos vem aumentando esse campo de atuação do design no Brasil e em todo o mundo. A embalagem ultrapassa fronteiras inimagináveis para qualquer outro item da indústria. Para cada produto que chega embalado ao consumidor, há outro correspondente, que chega junto, integrado.

Embalagem é um produto de criação, uma questão tecnológica, uma peça de marketing e também um problema para os lixo urbanos, e tudo isso deve ser levado em conta quando é projetada. Provedora de imagem para a marca e para o fabricante, a embalagem tem valor conceitual, estratégico, chegando até mesmo a expressar uma relação ética entre fabricantes e consumidores. O designer, ao criar sua peça, está lidando com hábitos, desejos e valores humanos, com o propósito de atrai-los, explorá-los, reforçá-los ou alterá-los. E, sobe este ponto de vista, o assunto tem seu lado psicológico, ideológico.

Novas comparações

Dos 10 mil a 20 mil produtos que ocupam as prateleiras de um supermercado, pouco mais de 10% tem apoio de campanhas publicitárias ou promocionais. Hoje, o design de embalagem faz uma verdadeira simbiose com a estratégia de marketing e deve estar qualificado para brigar com a concorrência.

O padrão de comparação mudou. Antigamente era local, regional ou nacional, no máximo. Para cada produto, duas ou três marcas líderes disputavam espaço. De alguns anos para cá, essa comparação abriu-se ao mercado mundial. Novas marcas surgem ameaçando quem sempre esteve na liderança. Além das múltiplas escolhas que abrem para o consumidor, a globalização das marcas trouxe apelos poderosíssimos, capazes de garantir lugar de destaque nos pontos de venda.

Ainda que os fabricantes locais se empenhem em alcançar os mesmos padrões das marcas internacionais, cabe a seus designers pensar em formas de empurrá-las mais para o canto. A similaridade dos produtos, por sinal, é outra questão que desafia o designer. O acesso às novas e modernas tecnologias permite uma aproximação e até mesmo a superação do nível de qualidade de produtos entre diferentes marcas concorrentes. Nunca foi tão importante o papel do design nesse processo.

“Quem diz ‘embalar’ não se refere a um mero ato mecânico de envolver-se em papel, papelão, plástico ou vidro um objeto… Trata-se de um ato com implicações não só poéticas, como até, musicais. De um ato culturalmente irradiante.” (Gilberto Freyre)

Redesign, a manutenção

Em um mercado onde nenhuma marca está livre de se espremer na prateleira quando o concorrente chega disputando espaço, a embalagem pede cuidado com a sobrevida de seu design. Revisões ou redesigns acontecem a intervalos de dois a três anos, segundo especialistas.

Até mudanças nas normas e leis podem determinar o momento certo. A onda de falsificações de medicamentos há alguns anos, por exemplo, levou o governo brasileiro a repensar os itens informativos e dispositivos de segurança para as caixas, frascos, cartelas e até bulas. É trabalho de design que vem pela frente.

O crescimento de uma marca pode demandar redesign para consolidar sua nova posição. Mas, e na hora de trocar a roupa das marcas consolidadas pelo design? Até onde vai essa liberdade? Há coisas em que não se mexe. Ninguém cogita tirar a moça do Leite Moça, ou a explosão de branco sob a logotipo do sabão Omo. Em todas essas situações, o designer está lidando com equities – elementos que expressam vínculos entre o consumidor e determinada marca. E o tempo é o fator que constrói uma equity.

Cabe ao profissional de design construir as imagens que poderão se transformar em equities, seduzindo consumidores, estabelecendo vínculos com eles, sugerindo radicalidade ou prudência nas mudanças. Apoiado em pesquisas de mercado, acompanhando as rápidas mudanças da indústria, absorvendo as tendências culturais, o designer de embalagens tem um mercado cada vez maior a sua frente.

Embalagens (todas)

Portas de acesso

É na indústria voltada ao consumidor que a grande cadeia de produção de embalagens se completa com as soluções de design produzidas por departamento próprio ou serviços terceirizados. O mercado para atender essas empresas está cada dia mais qualificado; em agências de propaganda que detêm suas contas para marketing e design; em escritórios de design que tem no setor de embalagens uma importante clientela; ou exclusivamente com profissionais especializados em design de embalagens.

Proporcionalmente, a indústria ainda é o grande cliente direto, a que mais contrata o profissional de design. Nos demais espaços, as oportunidades de trabalho se encontram principalmente no varejo e no setor de promoções de vendas, área de trabalho principal de muitos escritórios de design solicitados para desenvolver invólucros luxuosos ou extravagantes, muitos deles peças de uma só edição.

De um modo geral, as indústrias estão abandonando velhos hábitos de resolver as embalagens de forma não profissional e cada vez mais apelam para os escritórios de design. E isso porque a embalagem tem se mostrado uma ferramenta de vendas tão importante que chega a tornar-se um quesito decisivo no processo de escolha por parte do consumidor na hora da compra. O empresário sabe disso e para defender seu produto e criar uma identidade própria para si não brinca, exige a competência e experiência de um profissional de design. (imagens: internet)


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